Xerostomia: Sinal de Alerta

XEROSTOMIA: SINAL DE ALERTA

Na prática cresce o número de pacientes com esta disfunção

As pesquisas sobre a incidência de xerostomia no Brasil são muito precárias. Mesmo assim, muitos CDs concordam que está aumentando o número de pacientes atendidos com esta queixa, motivadas por vários fatores e que pode esconder patologias graves. Mas o porquê deste crescimento? Quais são os principais motivos? Atualmente , o diagnóstico é mais preciso? O que se esconde além da boca seca? Para responder estas questões, conversamos com o Dr. Jorge Alberto Jorge pós-graduando em periodontia, especialista na área de implantes dentários e Fellow da Academia Americana de Estética.
DOIS TIPOS
A xerostomia é classificada em Relativa e Absoluta. O primeiro caso envolve desde situações de estresse momentâneo, que diminui a secreção do fluído salivar, como a famosa “ressaca”, em que o bolismo do álcool no organismo exige reposições de líquido.
Já o segundo engloba todas as situações descritas anteriormente [como o uso de remédios, tratamento de radioterapia, etc.] incluindo a menopausa, na qual as mudanças nos níveis de hormônios afetam todas as glândulas salivares, deixando as mulheres durante e após a menopausa com uma sensação constante de secura na boca.
FATORES DIVERSOS
Existem vários motivos que impedem o funcionamento das glândulas salivares. Um dos mais freqüentes surge durante os tratamentos das neoplasias pela radioterapia e/ou quimioterapia. “As drogas utilizadas podem tornar a saliva mais espessa e mais viscosa, no caso da quimioterapia, causando a sensação de secura na boca. Já na radioterapia, as glândulas salivares podem ser muito danificadas se a cabeça ou o pescoço dos pacientes ficarem expostos a grandes doses de radiação. Desta forma, a perda da saliva pode ser total ou parcial, permante ou temporária”, diz Jorge.
De modo geral, os efeitos colaterais de muitos medicamentos podem causar esta disfunção. São mais de 400, desde anti-histamínicos, anfetaminas, descongestionantes, analgésicos até diuréticos, anti-hipertensivos e antidepressivos. Este quadro adquire uma complexidade maior devido à cultura do brasileiro da auto-medicação. Este comportamento, tanto quanto o hábito do cachimbo, cigarro ou charuto, são causas bens comuns da xerostomia. Também algumas doenças afetam as glândulas salivares, como o diabetes, a doença de Hodgkins, Mal de Parkinson e HIV/AIDS.
“Às vezes, agente recebe pacientes para tratamento odontológico e eles se queixam de boca seca. Neste caso, o papel do CD é investigar, dentro de sua área do conhecimento, as causas deste problema com uma anamnese detalhada. E ainda ajudar a diagnosticar uma doença desconhecida pelo paciente” alerta Jorge.
Dependendo da gravidade do problema, a xerostomia é combatida com aplicação de saliva artifical com hidratantes bucais em spray que restauram a umidade da boca.
“Enxágües com soluções bucais formuladas especialmente para diminuir a secura. Outras alternativas são as gomas de mascar sem açúcar ou chupar balas duras sem açúcar, com objetivo de estimular a produção e a secreção salivar [se o problema não for irreversível]”, diz Jorge. Ele finaliza dizendo que seria bastante interessante a promoção de uma grande pesquisa sobre a xerostomia no Brasil. “Com toda certeza teríamos algumas surpresas que poderiam estar incorporadas no atendimento diário do CD e prevenir, desta forma, futuras manifestações de xerostomia ainda desconhecidas pelo público leigo”, finaliza o especialista.

Fonte: Canal Arcoxia