Médicos de mais! Bom atendimento de menos!
O mesmo maior jornal do Paraná que publicou a polêmica coluna sobre “políticos e dentistas são a mesma coisa”, que gerou um número recorde de comentários, já havia publicado outra matéria que guardei para servir de parâmetro para uma análise da Odontologia, comparada à Medicina.
Com o título que demos a esta coluna, a notícia teve chamada de capa com o seguinte teor: “O Brasil é campeão mundial de cursos de Medicina [158] e pode formar 14 mil novos médicos por ano. Mas a média de um médico para 586 habitantes – o dobro do recomendado – não significa bom atendimento. E a proliferação de cursos ameaça a qualidade da formação”. Literalmente!
De posse destes dados, saí em busca dos equivalentes na Odontologia. Consultei então o site do CFO [www.cfo.obr.br], onde os dados já estão atualizados até 25/09/06. No total de faculdades a Odontologia já está na frente [176] e somando-se um a um o número de vagas por curso, também há uma quantidade maior na Odonto: 15.542 vagas.
Para chegar a este total, considerei 60 formandos para as cinco que não apresentavam o número de vagas no site do CFO. Como curiosidades neste levantamento, as que mais vagas oferecem por ano são as de Guarulhos e Ribeirão Preto, ambas no estado de São Paulo, 200 cada e a que com menos vagas é a de Vassouras no Rio de Janeiro, 25.
Buscando a relação de habitantes e número de profissionais, encontrei no site do CFO que são 210.403 CD’s e no Portal Brasil [www.portalbrasil.net], o maior portal particular de informações brasileiro, em quantidade de visitas do país, que nas suas colunas quinzenais me dá o privilégio de há três anos publicar uma coluna de marketing de minha autoria, encontrei uma população de 184.739.395 no Brasil de 2005.
Dividindo o número de habitantes pelo de Cirurgiões Dentistas chega-se a 880, o que é 25% menos do que o recomendado pela OMS – Organização Mundial da Saúde. Este é o único dado em que a Medicina ganha da Odontologia, talvez pelo fato de o “boom” da Medicina ter acontecido antes do da Odontologia.
Numa análise fria, como é recomendado sempre que se analisam estatísticas, os números mostrados são alarmantes, principalmente na Odontologia onde as projeções para os próximos anos tendem a agravar o quadro. Como consolo talvez a possibilidade de conhecer os erros da Medicina e não repeti-los, pagando um preço menor.
Como resultado da reflexão, uma máxima: quantidade nunca foi sinônimo de qualidade. Para considerar, um axioma do marketing: quantidade sempre gera competitividade. E esta é a maior causa de problemas entre colegas, principalmente no quesito ética, que como ponto frágil, determina em muitos casos a imagem que farão da profissão, os pacientes.
Idéia positiva a esta profusão de números de faculdades seria formar cultura e conhecimento, no sentido de que elas além da graduação, se voltem em duas direções: atendimento a população mais carente, com critério social de atendimento e o concentrar nas faculdades os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, a tendência atual.
Na primeira, considerar a existência de muitos cursos particulares de especialização e atualização, onde existe um modismo de procurar atender o máximo possível de pacientes, sem se preocupar com o fato de estarem tirando clientes dos consultórios particulares, exatamente por não usarem em sua maioria, o critério social na seleção destes.
Na segunda, o incentivar e valorizar a produção científica, resultado de pesquisas, como forma e critério para montar as grades científicas dos congressos, em detrimento de outros comerciais ou políticos, tão em voga nos dias de hoje. Inclusive considerar este na escolha de livros e artigos de revistas para ler e se atualizar.
NESTE SENTIDO É FUNDAMENTAL ESTA SUA PARTICIPAÇÃO,
DANDO SEU APOIO E PRESTÍGIO AO QUE É DAS FACULDADES !
Antonio Inácio Ribeiro