Em Campo, a Bioodontología

EM CAMPO, A BIOODONTOLOGíA

Especialidade que aprofundar a relação entre saúde bucal e doenças sistêmicas

O nome pode soar como novidade para os CDs, entretanto o termo bioodontologia já tem aplicação em cadeiras de algumas universidades. Para os acadêmicos, a palavra define a interface entre as áreas da saúde bucal e as doenças sistêmicas na clínica prática, ou seja, os CDs estudam as relações sistêmicas das condições biológicas de pacientes.
“Crescem as evidências científicas de que algumas patologias clínicas podem ser diagnosticadas também pelo CD. O caso do diabetes é esclarecedor. Hoje sabemos que o paciente diabético tem de 4 a 5 vezes aumentado seu risco de desenvolver doença periodontal. Certos sintomas, como tontura e desmaios, podem acontecer nas clínicas odontológicas, obrigando a atendimentos de emergência. Estes sintomas, além de algumas manifestações na cavidade bucal, fazem com que o CD possa suspeitar de diabetes, indicando para seu paciente procurar um médico”, comenta o Professor Cláudio Pannuti, formado pela Universidade de São Paulo e coordenador do Programa de Mestrado da Universidade Ibirapuera, em São Paulo. Além disso, algumas pesquisas mostraram que pessoas com doença periodontal correm mais riscos de desenvolver problemas cardiovasculares do que aqueles com a gengiva sadia.
SAÚDE GLOBAL
Os CDs são capazes de identificar diversas patologias na sua rotina. Os pacientes com HIV, por exemplo, apresentam lesões na cavidade bucal, tais como candidíase, neoplasias, feridas na boca que não se cicatrizam [que podem indicar a contaminação pelo vírus HIV] e manifestações bucais de lesões dermatológicas, como o pênfigo vulgar [bolhas mucosas ulceradas, popularmente chamadas de “fogo selvagem”]. Pacientes com sintomas de câncer de pele também podem ser observados pelos CDs.
“Após a identificação destes sintomas, o CD deveria partir para a investigação médica para ampliar o universo diagnóstico. Isto é, ele indica o tratamento odontológico e sugere uma relação de exames clínicos gerais aos pacientes”, enfatiza o Prof. Pannuti. “Esta é uma tendência irreversível: a bioodontologia vai empurrar cada vez mais o CD como um profissional de saúde preventiva também”.
Na outra ponta da bioodontologia estão as doenças já diagnosticadas e tratadas regularmente. Neste caso, o CD precisa estar integrado com a equipe multidisciplinar da saúde. Os pacientes com Mal de Alzheimer, por exemplo, patologia que registra grande aumento no número de doentes, principalmente,pelo avanço da longevidade do brasileiro, deverá ser tratada com maior freqüência pelos CDs. Este tipo de paciente apresenta um potencial foco de problemas odontológicos devido à interação medicamentosa, a piora nas articulações bucais, menor salivação e a xerostomia. Desta forma este paciente deverá ser tratado em regime de health care, cabendo ao CD estar atualizado na hora do tratamento odontológico. A bioodontologia será muito útil para incorporar este atendimento multidisciplinar, apresentando diversas técnicas odontológicas para outros pacientes com necessidades especiais.
O FUTURO PROMISSOR
Para o Prof. Cláudio Mannuti, a visão da bioodontologia estará incorporada de maneira mais assertiva nos próximos anos, baseada em três fatores principais. O primeiro é o fortalecimento da educação médica continuada pelos CDs em cursos de aperfeiçoamento e de mestrado. O segundo devido à ampliação do mercado de trabalho do CD na odontogeriatria e no atendimento aos pacientes especiais. E por último pela adoção de políticas preventivas de saúde geral e bucal, incentivadas pelo poder público e pela iniciativa privada. “Nos últimos 10 anos, os estudos científicos apresentaram novos resultados que tornam evidentes os laços entre as lesões orais e as doenças sistêmicas. Assim acabou a era do achismo”.
Os CDs precisam ficar alertas nos dentes, nos tecidos e nas cavidades orais para identificar doenças, além do espectro odontológico. Se uma grávida estiver com problemas gengivais ou doenças periodontais, crescem as chances do bebê nascer com baixo peso ou de parto prematuro. “Para a bioodontologia, a inflamação de um dente é um processo rápido que pode assnalar um de fator de risco cardiovascular ou respiratório num futuro próximo!”, finaliza o Prof. Pannuti.

Fonte: Canal Arcoxia