Escultura do Sorriso

Escultura do Sorriso

MUDANDO UMA CULTURA

No sábado em que debati com um ortodontista de Curitiba a coluna anterior sobre os indicadores de idade identificáveis no sorriso e percebi que eles são bem mais do que imaginava, bastando para tanto conhecê-los e que para isso a participação do CD como um divulgador é fundamental, aconteceu à noite o anti sorriso.

No programa Altas Horas de Serginho Groisman, na Globo, que é tido como formador de opinião por seu formato e nível dos participantes variados, entra um “animador” perguntando “quem quer um sorriso?” Para reforçar ainda mais o anti-sorriso, variava a pergunta com um: “Quem quer um sorriso novo?”

Alguns dos convidados, constrangidos aceitavam, outros não respondiam e uma jornalista de grande conceito nacional, que não foi perguntada, reclamou dizendo que ela estava precisando. Sabem o que ele tinha na mão e oferecia? Pasmem: uma dentadura!

Muitos estarão imaginando o bizarro daquela cena. Ridículo até! Eu que tenho trabalhado sempre propondo e defendendo um bom marketing para a Odontologia, como forma de posicioná-la melhor e assim motivar mais pacientes para irem aos consultórios, fiquei revoltado.

Entendo o lado humorístico, na busca do patético para conseguir boas gargalhadas. Eu mesmo muitas vezes lanço mão deste subterfúgio para animar os meus cursos. Mas neste caso me parece que o acontecido não pode ser deixado sem consideração.

É conceitual: a prótese total é tudo o que deve ser evitado, talvez até ser colocada como castigo para a maioria que não cuidou adequadamente dos seus dentes. Nunca como fonte de sorriso, até porque com dentaduras, o próprio ato de sorrir fica limitado.

Para refletir: que denota esta idéia da dentadura oferecida como um sorriso novo? Erro de conceito. Desconhecimento. Falta de cultura. A quem cabe a responsabilidade de formá-la e gerenciá-la? Por certo ao Cirurgião Dentista.

Como fazê-lo? Com divulgação da profissão em suas funções de saúde bucal. Que proponho seja feita profissionalmente através de variadas formas de propaganda, para que não ocorram situações constrangedoras como esta.

Elas levam o público leigo a erros básicos, tais como imaginar ser a função da Odontologia colocar dentaduras. E pior: extrair dentes. Erros que precisam ser corrigidos e combatidos. Com propaganda massiva ao grande público para mudar esta mentalidade.

ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO